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Sou escritora e uso do artifício de escrever para depurar pensamentos e sonhos. Sou uma leitora apaixonada, curto assistir a filmes e séries e ir ao teatro. Tenho dois livros publicados: "A ilha e a menina" e "Livremente Mara".

quarta-feira, 16 de julho de 2014

A oca fotografia



Hoje abri um folheto da cidade
E me deparei com a sua fotografia
Fiquei observando, não parecia você
Olhei e não te reconheci
Depois fixei um tempo a mais
Conheci as suas feições,
O seu sorriso
O tempo te envelheceu,
No fim, o tempo está passando para nós.

De repente, senti um pesar por nós
Que estamos vitimadas, resumidas a nós mesmas.
Não há nada que possamos fazer para fugir disso,
Pois tudo já foi feito antes.

Tanto queríamos fugir de nós mesmas.
Agora nossos primeiros vincos começam a surgir no rosto
Resignamos ao nosso destino, ao tempo,
As feridas sararam e não sinto mais nada.

Senti uma pena, acho que foi pena de mim
Te vi tão pequena, tão branca, tão frágil,
De repente você parecia eu
Me vi naquela fotografia,
Era como se eu tivesse ali.

Já não tem mais ódio, já não tem mais rancor,
O tempo apagou tudo.
Essa ausência de sentimentos
Foi o maior presente que ganhei hoje.
Te perdoei enfim
Porque consegui enxergar apenas você
Sem crenças, sem soberba, sem vaidade.

Guardei o folheto em uma gaveta qualquer
Para um dia dizer aos meus netos
Que você existiu e que foi boa e ruim ao mesmo tempo
Que me fez melhor e pior
E que, através de você e de suas ações tive que aprender
O longo caminho de saber perdoar.

Raquel de Souza 16/07/2014