Mara
fechou os olhos e acordou com mais de trinta anos. Quantas coisas tinham
mudado, já não era mais aquela menina inconsequente, tinha responsabilidades,
tivera uma filha... Quanto tempo havia passado, quantas experiências. Agora
estava ali, chorando por amor. Se sentiu completa e feliz, lembrou do alívio
que sentia quando cortava o dedo com a faca ao picar cebola. O sangue brotava
vermelho e ela, suspirava de prazer porque aquele vermelho significava que
estava viva. Agora as lágrimas jorravam sem controle dos olhos, amor já
passado. Com os olhos vermelhos, constatou que ainda tinha coração e que ele
pulsava, que ainda era capaz de amar, apaixonar-se. E mesmo que tivesse sido um
erro gostar de alguém assim tão de repente, ela agradeceu porque aquilo
significava estar viva e jovem. Sorriu para o espelho e entendeu que não sabia
de nada, que ao futuro restavam-lhe surpresas. A vida era bem maior e mais rica
que a própria ideia de Mara. Era esperar e galgar sempre dias melhores.
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