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Sou escritora e uso do artifício de escrever para depurar pensamentos e sonhos. Sou uma leitora apaixonada, curto assistir a filmes e séries e ir ao teatro. Tenho dois livros publicados: "A ilha e a menina" e "Livremente Mara".

segunda-feira, 9 de março de 2015

Foram os poetas que criaram a neblina


Gostaria de permanecer no silêncio, pois as minhas palavras me denunciam. No entanto, se me calo, sinto que morro. A cidade se entope de névoa cinza, como se estivesse mergulhada no umbral. Lembro-me de um dizer de Oscar Wilde que fala que quem criou a neblina de Londres foram os poetas. Na tela, a escritora Jane Austen não se casa nem por amor, nem por falta dele. Prefere a liberdade das palavras, se prender às possibilidades de uma vida feliz, que a realidade nua e crua de um casamento sem sentido. Rio porque sou livre e, de certa forma, me sinto como Jane. No entanto, sou privilegiada de viver neste tempo, em que as mulheres já não são mais obrigadas a viver sob o abrigo da moralidade exacerbada, da rigidez. Nós vivemos na era do ouro, pois podemos experimentar os dois lados da moeda, sem muitos prejuízos. É claro que isso nos acarreta mais insegurança, como se pisássemos em terra solta, escorregadia. Às vezes temos que calar a boca da paixão e deixá-la num canto qualquer. O caso é que a minha uiva e, mesmo com todas as apunhaladas que defiro nela, está difícil sufocá-la. O jeito é ficar bem quietinha, fingir que ela não existe. Quem sabe ela vai embora e me deixa em paz. 

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